O maior risco da cirurgia são as comorbidades que o paciente, geralmente, já apresenta, o que reforça a importância de um acompanhamento individualizado.
A obesidade é uma doença crônica que atinge milhares de pessoas no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 650 milhões de adultos, 340 milhões de adolescentes e 39 milhões de crianças estão acima do peso. Essa estatística deve aumentar em escala mundial, o que caracteriza uma pandemia de acordo com a OMS.
A doença pode acarretar sérios problemas à saúde: diabetes, problemas cardiovasculares, AVC, hipertensão, entre outros, além dos transtornos emocionais.
Em algumas situações, a cirurgia bariátrica é o único recurso necessário para garantir a qualidade de vida de pacientes que sofrem com os problemas decorrentes da obesidade. Aqui mesmo no Blog, já escrevi sobre quem pode passar por esta cirurgia (https://drederlago.com.br/blog/7-os-beneficios-da-cirurgia-bariatrica) e agora vamos entender quais são as técnicas deste procedimento.
Entenda as técnicas de cirurgia bariátrica
O Brasil dispõe de alta tecnologia e técnicas minimamente invasivas em relação aos procedimentos cirúrgicos adotados nesta área, além da cobertura oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Dentre as principais técnicas liberadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para perda de peso e tratamento de cirurgia bariátrica estão:
Bypass Gástrico - consiste na redução do tamanho do estômago, a um tamanho final entre 4cm a 5 cm de comprimento e cerca de 3 cm de largura associado a um desvio, uma junção ao intestino delgado. Basicamente é feita uma gastrectomia subtotal, pequena, com uma derivação intestinal constituindo uma cirurgia que, ao mesmo tempo, restringe o volume ingerido e desvia o alimento com disabsorção intestinal. Esse procedimento proporciona melhora metabólica do diabetes, hipertensão, colesterol e esteatose hepática pela liberação de hormônios e peptídeos intestinais.
Gastrectomia Vertical - corresponde a uma cirurgia que transforma estômago em um tubo fino de 3 cm de diâmetro. Uma sonda passada no interior do estômago serve de molde para o grampeamento criando um túnel gástrico. Nesse procedimento, ocorre somente a restrição à ingestão alimentar e não há desvio intestinal. A porção exclusa do estômago é retirada e descartada. Existe uma melhora metabólica, mas não tão intensa quanto no Bypass.
Duodenal Switch – é uma associação de técnicas. É realizada a gastrectomia vertical com retirada o estômago que sobrou e na área do duodeno é feita uma anastomose com o intestino delgado.
Cirurgia Laparoscópica X Cirurgia Aberta: são métodos diferentes de acesso à cavidade abdominal. A primeira através de pequenas incisões de 5 a 10 mm e com o auxílio de uma câmera e pinças especiais, a segunda, incisões de 5 cm, sem câmera e com pinças tradicionais.
A cirurgia aberta é um método mais invasivo gerando mais dor no pós operatório e aumentando incidência de hérnias abdominais. Ainda é utilizada em centros onde não há suporte de videolaparoscopia.
Pós-operatório: quais os riscos?
Os riscos de complicações relacionados à execução da cirurgia são semelhantes a qualquer procedimento operatório videolaparoscópico e minimamente invasivo. Os maiores riscos se concentram nas comorbidades do paciente, no grau de doença e no tamanho da obesidade. Explico: pacientes com múltiplas comorbidades como hipertensão, diabetes, dislipidemias, infartos prévios, insuficiências venosas e obesidade com índices de massa acima de 45 Kg/m² são condições que pioram o status metabólico do paciente e aumentam a mortalidade até em procedimentos simples e superficiais.
Por isso a importância de um acompanhamento individualizado para o cuidado no tratamento das comorbidades no pré-operatório, compensando as doenças e propiciando um pós operatório seguro.
Pacientes com índices de IMC acima de 50, necessitam passar por outros procedimentos antes da cirurgia bariátrica. O balão intragástrico, por exemplo, é um método endoscópico e não cirúrgico, onde um balão é inserido no interior do estomago do paciente com o objetivo de estimular a sensação de saciedade, promover a perda de peso e, consequentemente, minimizar os riscos no pós-operatório.
Vale ressaltar a importância das orientações médicas durante o processo que antecede a cirurgia bariátrica. É dever do especialista informar ao paciente sobre os benefícios e possíveis complicações dos procedimentos. A avaliação médica deve ser pensada de acordo com a condição física e psicológica de cada pessoa. Também é indicado o acompanhamento de um familiar nas etapas que antecedem a cirurgia e no pós-operatório.