Doença autoimune da mucosa da parte superficial do intestino, a retocolite não tem causa definida, e requer cirurgia em casos de emergência. Medicamentos imunobiológicos fazem parte do tratamento Por Dr. Éder Lago
Você já ouviu falar sobre a retocolite? Essa é uma doença que acomete o intestino grosso. Antes de entender sobre ela, vale aprender alguns conceitos sobre o intestino.
De uma forma geral, intestino grosso e cólon são sinônimos. Entretanto, é importante lembrar que há um segmento do intestino grosso chamado reto, a última parte que fica mais perto do ânus e serve para armazenar as fezes: o reto é diferente do cólon, há uma diferença na musculatura de ambos - enquanto o cólon tem uma musculatura circular, a do reto não tem. Mas, de uma forma geral, quando falamos intestino grosso estamos nos referindo ao conjunto cólon e reto.
Pois bem, a retocolite, é uma doença da mucosa da parte superficial do intestino grosso. Assim como a doença de Chron, é autoimune, inflamatória e sem causa definida. Ela se chama retocolite porque pode acometer, principalmente, o reto e o cólon. É muito, muito raro mesmo um caso de retocolite no intestino delgado.
Sintomas da retocolite
Diarreia com sangramento, dor abdominal na parte esquerda ou baixa do abdômen: esses são os sintomas mais prevalentes da retocolite. Diferentemente da doença de Chron, que pode acometer desde a boca até o ânus e causar fístulas, conforme expliquei no blog anterior (leia aqui) a retocolite não causa feridas (fístulas).
Os exames que ajudam na identificação da retocolite, que acomete mais pessoas na faixa etária dos 15 aos 30 anos e com um pico entre os 50 a 70 anos, são os exames de imagem como a tomografia computadorizada e a ressonância de abdômen. Porém, o exame que mais auxilia no diagnóstico é a colonoscopia ou a retossigmoidoscopia flexível, pela qual é possível determinar o tipo e a profundidade da lesão na mucosa do intestino grosso.
Diferentemente da doença de Crohn - que ataca todas as paredes do intestino e pode acometer qualquer área do trato gastrointestinal - a retocolite ulcerativa causa uma lesão contínua que atinge mais o reto e o cólon.
Como tratar a retocolite?
O tratamento da retocolite começa com anti-inflamatório, passa por corticoide, imunossupressor e pelos medicamentos imunobiológicos. Se não tratada, a retocolite pode levar a complicações muito sérias, como obstrução ou megacólon tóxico (uma das piores complicações da doença), necessitando de tratamento cirúrgico de emergência.
Como é feita a cirurgia da retocolite?
A cirurgia é chamada proctocolectomia, na qual ocorre a retirada do cólon (intestino grosso) e uma parte extensa do reto. Fecha-se o reto e é colocada uma bolsinha de ileostomia, para formar um novo trajeto para saída das fezes. O uso dessa bolsa é temporário.
Quando o paciente estiver melhor do quadro inflamatório infeccioso, aí sim partimos para uma cirurgia de reconstrução intestinal, onde é feita a iliorretoanastomose, uma reconstrução do reto.
Muitos pacientes me perguntam se a cirurgia cura a doença. O tratamento em si é clínico, não cirúrgico. Porém, nos casos de emergência como apontei acima, temos que salvar a vida do paciente e na cirurgia são retirados o cólon e o reto. Então, teoricamente, ao retirar cólon e reto estamos ‘curando’ a retocolite. Mas veja: é uma cirurgia que só é feita em casos de emergência.
Agora que você já se informou sobre a retocolite, lembre-se de consultar um gastroenterologista caso perceba qualquer alteração no seu sistema gastrointestinal. Inclua esse profissional no seu check-up anual.