Uma ferramenta poderosa para tratar a obesidade, a cirurgia bariátrica precisa ser recomendada de acordo com critérios clínicos bem estabelecidos, e o acompanhamento multiprofissional antes e após a cirurgia é essencial para o bom desfecho da mesma.

Por Dr. Éder Lago

 

A cirurgia bariátrica, ou cirurgia de redução de estômago, é umas das ferramentas para tratar a doença obesidade. Idealmente, ela é recomendada aos pacientes que já tentaram outras formas de redução de peso, normalmente aliadas com medicamentos, mas que não obtiveram sucesso. A bariátrica também configura uma alternativa aos pacientes com obesidade e complicações sérias de saúde associadas, tais como hipertensão, diabetes e riscos cardiovasculares iminentes.

A obesidade é uma doença?

Sim, e quem afirma isso é a Organização Mundial da Saúde (OMS). As últimas estatísticas, inclusive, não têm sido nada animadoras: os novos dados do Atlas de obesidade 2022 (que você pode ler aqui) indicam que, até 2030, 1 em cada 5 mulheres e 1 em cada 7 homens estarão vivendo com obesidade (IMC ≥30kg/m2), equivalendo a mais 1 bilhão de pessoas no mundo.

E como saber se o paciente está acima do peso ideal?

O IMC - ou Índice de Massa Corporal – é um cálculo simples e reconhecido como padrão internacional para avaliar o grau de sobrepeso e obesidade. Ele é calculado dividindo o peso (em kg) pela altura ao quadrado (em metros).

A OMS classifica os graus de IMC conforme abaixo:

1 - Menor que 18,5 kg/m2 - Abaixo do peso

2 - Entre 18,6 e 24,9 kg/m2 - Peso normal

3 - Entre 25,0 e 29,9 kg/m2 - Sobrepeso/pré-obesidade

4 - Entre 30,0 e 34,9 kg/m2 - Obesidade grau 1

5 - Entre 35,0 e 39,9 kg/m2 - Obesidade grau 2

6 - Acima de 40 kg/m2 - Obesidade grau 3

 

Pessoas com IMC acima de 30 podem fazer a cirurgia de redução de estômago?

Não é tão simples assim. Primeiramente, é importante entender que a cirurgia pode salvar vidas, mas não é milagrosa sozinha e nem indica que o paciente manterá a perda de peso no futuro. Quem recebe a indicação da bariátrica precisa ter uma vigilância nutricional pelo resto da vida para não haver a recidiva de peso (ou reganho) e para manter a saúde em dia.

De modo geral, a cirurgia está indicada em pacientes com IMC superior a 40 kg/m2 com ou sem as doenças causadas pela obesidade ou pacientes com IMC maior ou igual 35 kg/m2 com doenças associadas. Entretanto, para ambos os casos, é importante notar o que comentei no início deste texto: são pacientes que não conseguiram perder peso pelos métodos tradicionais ou que têm doenças e comorbidades associadas.

Ah, vale dizer também que o Conselho Federal de Medicina ainda admite mais uma categoria para a indicação da cirurgia de redução de estômago: o paciente que tem IMC entre 20 e 25 kg/m2 com diabetes mellitus descompensado.

Cada paciente precisa ser avaliado de forma personalizada e o grau de comprometimento do paciente com o tratamento clínico no pós-operatório será fundamental para o sucesso do tratamento da obesidade.

Para finalizar, um dos recados mais importantes que eu gostaria de deixar é que a obesidade é uma doença multifatorial, que depende do acompanhamento clínico de outros profissionais. E para os pacientes que receberam a indicação da bariátrica, fica o alerta: um pós-operatório com acompanhamento do cirurgião bariátrico e profissionais clínicos como o endocrinologista, nutricionista e psicólogo são fundamentais para um desfecho positivo da cirurgia.