A dificuldade no diagnóstico do câncer de pâncreas está na demora do aparecimento dos sintomas, e o tratamento fica dependendo do grau da enfermidade. Por Dr. Éder Lago

Localizado na parte superior do abdômen, atrás do estômago, o pâncreas é um órgão responsável por produzir enzimas digestivas que ajudam na digestão de gorduras, proteínas e carboidratos (função exócrina), além de produzir hormônios como a insulina e o glucagon, que regulam o nível de açúcar no sangue (função endócrina).

O câncer de pâncreas é raro antes dos 30 anos e mais comum a partir dos 60, tanto em homens quanto em mulheres. A doença se origina nas células do órgão e suas causas são multifatoriais, entra elas, tabagismo, obesidade, histórico familiar de câncer de pâncreas ou de doenças pancreáticas, idade avançada e exposição a certos produtos químicos. O cigarro, no entanto, figura como um dos principais fatores de risco.

Os sintomas do câncer de pâncreas podem incluir dor abdominal, perda de peso não intencional, icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos), náusea e vômito, perda de apetite e fadiga. No entanto, muitas vezes, a doença não apresenta sintomas em estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce e o tratamento correto.

A icterícia acontece por causa da obstrução do ducto biliar. Nesses casos, é indicado um procedimento chamado colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) para remover a obstrução e aliviar a icterícia. A CPRE é um procedimento endoscópico que permite que o gastroenterologista visualize o trato biliar e pancreático e remova a obstrução

O tratamento do câncer de pâncreas depende do estágio da enfermidade e da saúde geral do paciente. As opções podem incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou uma combinação desses tratamentos. A cirurgia é geralmente recomendada para remover o tumor, mas nem todos os pacientes são candidatos a essa opção por causa da localização do tumor ou da saúde geral do paciente.

Como o gastroenterologista cuida desse paciente?

O gastro é um especialista em doenças do trato gastrointestinal – e o pâncreas faz parte dele. O papel de outros médicos que tenham a mesma especialidade que eu é ajudar no diagnóstico precoce, bem como no tratamento e cuidados paliativos.

O diagnóstico precoce do câncer de pâncreas é difícil em razão da falta de sintomas em estágios iniciais. No entanto, o médico especializado pode realizar exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, para detectar a doença em estágios iniciais. Além disso, é papel do gastro solicitar biópsias do pâncreas para confirmar o diagnóstico.

Em caso positivo, é preciso encaminhar o paciente para um oncologista para discutir as opções de tratamento. No entanto, o papel do gastro não para aí, pois é importante que ele cuide dos sintomas do paciente, como dor abdominal, náusea e vômito.

É possível prevenir?

Não fumar e evitar o excesso de álcool são medidas importantes para prevenir o câncer de pâncreas. Além disso, pessoas com outros fatores de risco, como pancreatite crônica, diabetes, histórico familiar ou que passaram por certas cirurgias devem fazer acompanhamento médico regular.