A condição clínica de comorbidades como diabetes e hipertensão torna pequenas complicações pós operatórias em situações desafiadoras.
Apesar dos avanços da Medicina e da contribuição de novas tecnologias para a realização dos procedimentos, o tratamento da obesidade exige atenção e cuidados especiais do médico, pois requer domínio técnico para a execução da cirurgia e compensação prévias das comorbidades clínicas. Além disso, o paciente também pode contribuir para bons resultados adotando práticas saudáveis, tais como uma boa alimentação, perda de peso e exercícios físicos regulares, o que faz toda a diferença no pré-operatório e no processo de recuperação após o tratamento cirúrgico.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), somente em 2019, antes da pandemia, foram realizados 68.530 procedimentos cirúrgicos no País, – o que representa 0,5% da população de portadores de obesidade grave, que atinge cerca de 13,6 milhões de pessoas. Somente no SUS (Sistema Único de Saúde) foram realizadas 12.568 cirurgias bariátricas no mesmo período, um crescimento de 10,2% se comparado a 2018.
Mas podem ocorrer problemas no procedimento cirúrgico?
Com relação às complicações, podem ocorrer fístulas (vazamentos, escapes de conteúdo alimentar das anastomoses), abcessos, isquemias, torções, aderências, trombose arterial e venosa, entre outros problemas.
O rol de complicações é grande e, por esta razão, o procedimento exige tanto cuidado com os detalhes técnicos quanto na sua execução.
Doenças preexistentes podem contribuir para problemas durante e após a cirurgia?
Sim. Doenças como hipertensão, diabetes, dislipidemia, infarto, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), apneia do sono, insuficiências venosas entre outras, podem agravar o quadro de saúde no pós-operatório, ou seja, quanto mais comorbidades o paciente apresentar, maiores são os riscos de complicações.
A cirurgia de diminuição do tamanho do estômago e derivação do intestino não costuma apresentar sérios riscos à saúde do paciente (em torno de 0,5 a 0,6%). No entanto, a condição clínica de doenças preexistentes no obeso incrementa o risco de complicações. E quando elas ocorrem, tendem a ter uma evolução pior no paciente obeso por conta da sua pior condição de saúde, mostrando que a obesidade é uma patologia grave.
Além das doenças preexistentes, é comum o corpo apresentar rejeição a algum tipo de material utilizado na cirurgia?
É raro. Pode ocorrer em cirurgias de hérnia inguinal com uma tela mal acomodada gerando uma adesão ruim ao tecido, um abscesso, mas não propriamente uma rejeição. Todos os materiais usados na cirurgia são testados previamente.
A maior parte dos problemas são causados por isquemias, mal perfusão sanguínea do tecido ou tensão nas suturas. Nestes casos, pode ocorrer um extravasamento de conteúdo alimentar - por dificuldades de cicatrização secundário à diminuição de sangue na área - e até desencadear problemas mais sérios no pós-operatório, a exemplo de contaminações.
Recomendações
A recomendação antes da cirurgia é que o paciente tente introduzir hábitos saudáveis na rotina diária como exercícios físicos e melhora da alimentação. Realizar todos os exames pré-operatórios (essenciais para avaliar a condição clínica do paciente) e perder peso estão entre as principais orientações dos médicos no período do pré-operatório.
Essas são algumas informações importantes sobre sua bariátrica, mas lembre-se: qualquer dúvida, vale sempre consultar um médico da sua confiança.